domingo, 10 de março de 2013

A importância de "bloquear"

Não tenho a certeza que "bloquear" seja o termo correcto em português. É uma tradução literal do termo em inglês "blocking", que significa colocar o trabalho na sua forma final, humedecendo-o ligeiramente e deixando-o secar na posição pretendida, com a ajuda de alfinetes. Confesso que raramente termino os meus trabalhos deste modo, até porque prefiro o cair natural da peça, especialmente em xailes. Eventualmente, lavo a peça à mão em água morna com um amaciador bem cheiroso e passo-a a ferro com uma toalha húmida por cima. Mas a verdade é que há peças para as quais a tarefa final de bloquear é imprescindível, para que ganhem a forma pretendida.

Há já algum tempo que vejo algumas peças de bijuteria feitas em crochet e quando adquiri o livro de flores em crochet de que falei no post anterior, pensei logo que muitas delas ficariam lindas num fio ou nuns brincos. Mas são tantos os projectos que me passam pela cabeça todos os dias, que ainda não me tinha atrevido neste mundo da bijuteria em crochet. Nos últimos tempos, tenho encontrado brincos simplesmente maravilhosos. E eu aqui me confesso uma fã incondicional de brincos! Por isso, este fim-de-semana aventurei-me! Fiz o primeiro. Está agora a secar. Amanhã vou comprar as peças para pendurar na orelha. Prometo mostrar-vos o resultado final ;)


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ripple & Flores


Uma das coisas que mais gosto no crochet é a sua versatilidade e variedade de técnicas, obtidas por simples combinações diferentes dos pontos básicos. É o exemplo do Ripple, do qual se obtém um lindo padrão em zig-zag. Existe o ripple simples, que combina apenas pontos altos, e depois existem ripples mais elaborados, como o trabalho que estou a fazer, que combina pontos altos e pontos de correia, conforme indica o esquema abaixo.


Esquema de chevron ripple (Fonte: http://www.mooglyblog.com/chevron-lace-wrap)


Não contente com esta sucessão de bolinhas e tracinhos, resolvi adicionar-lhe umas florzinhas, que vão sendo encadeadas no esquema de ripple. Estas aprendi a fazer num livro que recomendo a todos os amantes de motivos florais em crochet. 

Usando um maravilhoso fio de 70% Baby Alpaca e 30% Seda de Amoreira, fino, leve e com um toque deliciosamente macio e sedoso, estou a fazer uma encharpe que vou oferecer como reconhecimento a uma amiga que no último ano me deu uma ajuda inestimável. Mas ssssssssssshhhhh! não lhe digam nada! É segredo ;)


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Malhas Solidárias


Já há uns anos que vejo, nos sites estrangeiros que visito, imensos projectos de "tricotar por uma causa". A ideia é criar um "banco" de itens feitos à mão - gorros, cachecois, etc - que seriam depois entregues nos hospitais para doentes de cancro a fazer quimioterapia. Sempre achei uma causa muito nobre e perguntava-me se, em Portugal, as próprias instituições (hospitais, IPO) estariam receptivas a uma iniciativa destas. Eis que as minhas dúvidas foram respondidas e surge agora um projecto do mesmo género, de iniciativa portuguesa e para os doentes portugueses: Malhas de Esperança.

Fiquei ontem a conhecer este projecto e aderi sem qualquer hesitação! Assim que terminar a minha labuta para as prendas de Natal, vou fazer gorros até me doerem as pontas dos dedos! Eheheh Penso que o mais importante não seja o gorro em si, mas a generosidade do acto, de alguém receber algo que foi tricotado com carinho por outra pessoa. Acho que é o presente que estes doentes mais necessitam nesta fase da sua vida: carinho. Já alguma vez pensaram: "Apetecia-me tricotar (ou crochetar) qualquer coisa mas não sei o quê!"? Pois aqui está uma excelente ideia! Tricotem como se não houvesse amanhã!

domingo, 9 de dezembro de 2012

Blackwork ou Bordado Espanhol


Deve ter sido há um par de anos que descobri o 'blackwork'. Procurava outra coisa qualquer, numa das minhas viagens internáuticas pelos crafts, e deparei-me, não sei bem como, com uma página totalmente dedicada ao bordado espanhol, que me deixou totalmente fascinada pela riqueza dos motivos. Foi todo um novo mundo que se abriu perante mim!

Reza a lenda que este bordado, de origem árabe, terá sido levado para Inglaterra pela princesa espanhola Catarina de Aragão, em 1501. Casada com Henrique VIII, durante mais de 20 anos influenciou a corte inglesa com a sua paixão pelo bordado, tendo o seu ponto ficado conhecido como "bordado espanhol". Depois do seu divórcio, a influência espanhola na corte foi erradicada, e o termo 'blackwork' substituiu o 'spanishwork', como era anteriormente conhecido em Inglaterra. Tornou-se muito popular durante o reinado de Elizabeth I, sendo ostensivamente usado nos trajes da nobreza, mas caiu em desuso no século XVII.

O bordado espanhol é bordado sobre tela Aida (a mesma utilizada no ponto cruz) com linhas de côr contrastante. Inicialmente era feito apenas com linha preta (daí o termo 'blackwork') mas existem variações com bordado a vermelho, verde, azul e dourado. Na internet aconselho vivamente as páginas Practical Blackwork e Wyrdbyrd's Nest, onde podem encontrar vários esquemas, dos mais fáceis para iniciantes, aos padrões mais intrincados para quem gosta de desafios!

Pessoalmente tive algumas dificuldades em encontrar páginas com esquemas gratuítos para esta técnica. Por isso, e como tinha um vale de oferta de 25€ na Amazon Books (digam lá se não tenho uns amigos espectaculares!), decidi investir nalguns livros de blackwork. São os 3 muito bons, com muitos esquemas diferentes, e cada um com os seus pontos mais fortes, acabando por se complementarem na perfeição:
          - New Anchor Book of Blackwork Embroidery Stitches - um pequeno livro de 64 páginas, ideal para principiantes, com óptimas explicações passo a passo;
          - Made in France: Blackwork - livro de 164 páginas com 34 óptimas ideias para projectos utilizando este bordado: mantas, quadros, e muitas outras ideias de decoração; não é o mais indicado para iniciantes pois é parco em explicações;
          - finalmente, o meu preferido, Blackwork Made Easy - com 96 páginas, possui fotos a cores, uma enorme diversidade de esquemas prontos a agradar a todos os gostos e boas explicações de como iniciar e finalizar os projectos; a autora, Lesley Wilkins, possui outras publicações do género, mas pelo que pude ler nas críticas, os projectos não variam muito de livro para livro;

Todos os livros estão em inglês, mas facilmente se percebem os desenhos dos esquemas mesmo sem saber a língua. Os materiais são facilmente acessíveis - qualquer bordadeira de ponto cruz certamente os terá! Tela Aida, bastidor, agulha sem ponta e linha. A linha utilizada depende do tamanho da malha da tela, desde a simples linha de coser à máquina até ao algodão de crochet. Assim que recebi os livros não resisti, claro, em experimentar esta nova técnica.




Esta é a minha pequena obra de arte! A tela é de malha bastante pequena, por isso estou a bordar com 1 fio do algodão para bordar ponto cruz. Nada mal para principiante, não acham? ;) Já tenho a cabeça a fervilhar de ideias e vou até fazer uma prenda de Natal usando este bordado (não este especificamente da foto).

Os pontos utilizados também são bastante conhecidos. O bordado espanhol usa basicamente o ponto de alinhavo duplo (não tenho a certeza sobre esta tradução, 'double running stitch' em inglês...), o ponto atrás e, eventualmente, o ponto cruz. O ponto de alinhavo duplo é utilizado principalmente nos motivos geométricos mais complexos e cria um ponto mais homogéneo. O ponto atrás é utilizado principalmente nos rebordos, providenciando maior definição. O ponto cruz é eventualmente utilizado no preenchimento dos motivos. Eu confesso que no trabalho da imagem acima usei o ponto atrás em tudo, mas no próximo vou fazer como deve ser e experimentar o ponto duplo. De qualquer modo, o bordado espanhol é interessante por isso mesmo, pela liberdade que nos dá em seguir os esquemas. Segundo os livros, deve primeiro bordar-se os rebordos a ponto atrás e só depois o preenchimento com o ponto duplo. No entanto, quando se tem um desenho como aquele que bordei acima - e tendo em conta que só decidi adicionar a moldura depois do desenho central feito - é difícil decidir o que é o rebordo e o que é preenchimento. Portanto, o meu conselho é: façam-no com prazer e divirtam-se!

sábado, 8 de dezembro de 2012

Post Inaugural - Bem-vindos!

Os peritos em marketing online para pequenos negócios de artesanato aconselham: primeiro criar um blog, depois uma página no facebook, associar-se aos vários sites de venda de artesanato, como o Ravelry ou o Etsy e, no final, se se justificar, fazer um website dedicado. Mas eu, irreverente como sou, fiz tudo ao contrário! Comecei com um site (que acabei por fechar), fiz uma página no facebook, criei um outro site, associei-me ao Ebay, só depois ao Etsy e, finalmente, eis que surge o blog!

Confesso que não sou muito 'blogueira'. Não tenho o hábito de escrever blogs e os blogs dos outros aborrecem-me solenemente... Sinceramente, já existem tantos blogs de artes manuais que não sei se existe espaço ou interesse para mais um. Mas todos os dias vejo coisas tão giras que uma página no facebook já não me chega!

"Mas afinal, do que trata este blog?" - perguntam vocês. E perguntam muito bem! Este blog surge na sequência do meu projecto AEHandCrafts, uma lojinha virtual onde vendo as coisas que faço (com muito carinho!) e partilho o meu amor às artes manuais, ou 'crafts' como gosto de lhes chamar, utilizando o termo em inglês. Gosto de usar este termo porque acho que a palavra "artesanato" não consegue abarcar toda a abrangência que significa a palavra crafts. É quase o mesmo que a nossa tão portuguesa "saudade", não há outra palavra no mundo, em qualquer outra língua, que consiga carregar o significado desta palavra em toda a sua plenitude. Também não gosto da palavra "handicrafts" porque, tal como o "artesanato", faz-me lembrar as bugigangas que se impingem aos turistas (e eu, como algarvia que sou, sei bem o que isso é!...).

Tudo começou com o crochet e uns ursinhos, duas coisas pelas quais sou terrivelmente apaixonada!
Desde miúda que fazia ponto cruz. Em 2005, passando por uma fase difícil da minha vida, a minha mãe ensinou-me os pontos básicos do crochet. Gostei tanto que me entusiasmei e comecei a procurar mais e mais informação sobre crochet na internet. Nestas minhas viagens, aprendi a fazer uns ursinhos adoráveis, e os meus amigos gostaram tanto, que decidi iniciar o meu pequeno negócio de tempos livres e começar a vendê-los. Quando dei por mim, estava irremediavelmente submersa no mundo das artes manuais e todos os dias descobria técnicas fascinantes: desde os pontos mais avançados do crochet e tricot, a técnicas menos conhecidas como o 'blackwork', a tela plástica ou o bordado jugoslavo!

Este blog não tem como finalidade vender as minhas peças, embora eventualmente possa fazer-lhes referência. Neste cantinho vou partilhar convosco informações interessantes, ideias e sugestões relacionadas com as artes manuais. Divulgarei técnicas e tutoriais ou apenas coisas giras que encontro pela net. É provável que muitas das referências que aqui vou indicar estejam em inglês e, por isso, desde já peço as minhas desculpas a quem não souber a língua. Mas estarei sempre disponível para vos dar uma ajudinha nas traduções mais delicadas. Basta contactarem-me através da minha página no facebook ou enviar-me um email para aehandcraft@gmail.com. Disponham! Aguardo com ansiedade o vosso feedback! Juntem-se a mim nesta viagem!